Ainda fazemos parte daqueles que viviam nas cavernas. Somos os mesmos que dividiam a mesma terra, que trocavam para sobreviver. O que mudou foi a moeda, o layout da caverna já não é mais o mesmo, hoje ela já tem outra cara. Ao longo de todas essas arestas perdidas, perdemos também a nossa essência, o essencial.
A escolha do caminho é conseqüência dos estímulos que recebemos das terras que margeiam nossas cavernas.
Criamos edifícios, construções, novas profissões e a base de tudo está na educação dos nossos menores. Tudo mudou. A rua que direcionava agora abriga, o jornal que informava, agora aquece. Hoje, nossas cavernas possuem largos muros, vastas grades, cercas elétricas, tudo se torna, todos os dias: mega, ultra, hiper, micro, baixas calorias, megabytes, gigabytes.
Hoje vivemos do acumulo. Juntamos bens e propriedades, nos preocupamos com os próximos lançamentos tecnológicos, com as próximas tendências de inverno e deixamos o que criamos morrerem nas esquinas e calçadas. Agimos todos os dias contra nós mesmos. Plantamos a divisão social e colhemos violência, plantamos a omissão e colhemos um futuro frágil, algo muito além do digital. Construímos um futuro de vidro e damos pedras aos que moram além das nossas cavernas.
Cultivamos todos os dias a miséria, concentrando 90% da riqueza sem transformá-la em nada mais que o obsoleto que tecnologia. Intangível, irreal.
Como o oxigênio nos mata, nossa omissão também nos agride.
Hoje, nos esquecemos frequentemente que somos responsáveis pelas sementes que plantamos. Somos os agrônomos desse solo que vivemos e por opção, deixamos de regá-lo. Damos nossas costas à vida real e criamos o nosso próprio mundo, escondidos no tamanho de nossos muros, na espessura de nossas grades.
Como estão as flores que nascem dessa terra? Como elas nos reconhecerão quando estivermos frente a frente, quando vierem nos cobrar sua herança. O são delas por direito.
Essas flores que plantamos e não regamos, hoje, já nos assaltam em sinais, violam nossas casas, nosso berço, violam tudo o que construímos, cobra o que não fazemos, a herança que lhes pertencem.
Para nós, elas sempre estão erradas. Não devemos conceber algo assim.
Passamos pela vida nos esquecendo de fazer perguntas importantes.
Estamos nos esquecendo de ensinar nossos filhos sobre a importância das perguntas importantes.
Porque estamos aqui? Como conseguimos ser tão iguais e desiguais ao mesmo tempo?
O que estamos construindo e para quem estamos construindo?
É isso que estão nos fazendo. Cobrando o que deles é por direito com violência.
Não, não estão errados. Filósofos nos disseram que eles fariam assim. Eles não sabem fazer de outra forma. Não ensinamos a forma correta, não fomos capazes, viramos as costas.
Os filhos têm por direito mínimo, o mínimo de todos nós e nem o mínimo de atenção nós oferecemos a eles.
E eles estão aqui, enfrente aos nossos portões. E agora?
Quando os outros tentam recuperar alguma dessas plantas sem norte, sem leste, nem oeste, sem bússola, na verdade, estão fazendo algo por todos nós, pelo solo fértil. Quando geramos esperanças aos menores, geramos futuro aos que nos rodeiam, as nossas vida, as vidas dos nossos filhos, aqueles que por opção resolvemos deixar do lado de dentro dos nossos muros.
Se a 20 anos tivéssemos regado com responsabilidade, acompanhado e construído, não colheríamos o que esses filhos e filhas nos exigem.
Estranho como perdi a fé.
Hoje, por conta de tudo isso, nossa vida é um borrão de paisagens feito àquelas que passam pelos vidros fechados dos nossos carros. Tudo o que construímos corre contra o tempo, com medo de que a morte nos alcance antes do final, antes de uma despedida brutal e injusta.
Se nossos professores fossem melhores remunerados, se não fossem as tentativas mesquinhas de um aumento de 70 reais nos salários de quem ensina, faríamos justiça aos criadores da democracia e liberdade de expressão, que investiam tempo na educação dos cidadãos para que eles pudessem escolher os melhores líderes e caminhos com opiniões e pensamentos corretos.
Tudo o que se encontra fora dos vidros escurecidos dos carros, são paisagens que criamos e não queremos ver, são como brinquedos esquecidos.
Vivemos para o consumo e ele nos embriaga.
Aquelas crianças, as que não moram com você, moram ali, onde você não quer morar. Elas passam o frio que você não quer passar,
Há quem diga que não enxerga. Há quem pense em extermínio. Há quem acredite que não estamos de passagem e que ainda está por vir aquele "limpará" todo o problema.
Não volte muito tarde.
Você trancou a porta?
Me ligue assim que chegar.
Não ande por lugares escuros.
Não converse com pessoas estranhas.
Certas frases não deveriam existir.
Viramos o rosto e entregamos ao governo toda a responsabilidade que “não temos tempo nem condições de assumir”. O governo "mente" em aceitar a responsabilidade sozinho e chega a acreditar que varrendo todo esse “problema” para fora das escolas, para dentro de presídios e FEBENS, sanará todas as nossas dores.
Somos ricos, somos emergentes, somos concretos, somos felizes, somos saudáveis, somos capazes, temos natais, juramos milhões de coisas em noites de dias 31, somos cegos. Damos jeito para tudo, somos vazios. Somos críticos diante da TV. Para nós o noticiário virou novela e tudo o que acontece lá fora já virou ficção.
Mas acredite, ainda existem os que se importam.
Quando vemos pessoas lutando, fazendo o trabalho que não queremos fazer, agindo de forma inesperada, segurando a mão desses pequenos e tentando recuperar o que nós estragamos todos os dias, com a omissão e o descaso, fazemos questão de menosprezar, ignorar.
Tudo o que escrevi, foi pensando em instituições como o NAIA. Nasceu em Americana debaixo de criticas e injurias. O NAIA não precisaria existir, ele é o fruto de toda a nossa omissão.
Obrigado aos que compraram a nossa briga pelos meninos e meninas infratores. Expresso minha eterna gratidão por ter assumido as sementes que eu não fui capaz de assumir.
Somos marcados quando trabalhamos com os olhos voltados para as flores que os homens plantam e não querem mais cuidar. Somos marcados quando resolvemos enxergar e fazer algo pelos menos favorecidos, quando resolvemos fazer a nossa parte e a parte de todos os outros, com o intuito de recuperar algo esquecido, jovens, meninos, crianças, filhos de um sistema hipócrita, filhos de uma política de faz de conta, de brincadeira, de doces, de “chocolates”, de Srs Chocolates.
Obrigado por fazer a minha parte, por fazer a nossa parte, por tentar regar nossas crianças e jovens que abandonamos.
Quantas pessoas se preocuparam em ouvir as propostas do NAIA, antes de agredi-lo. Quantas pessoas ofereceram ajuda? Quantos quiseram fazer a sua parte? Quantos de nós continuamos virando os rostos para os que se prontificam a ajudar? Condenando-os com nosso “pré–conceito”? Quantos são os que fazem parte desse sistema arcaico chamado FEBEM, quantos querem continuar fazendo este trabalho que não exige iniciativa, força de vontade, que não exige esforço, pró-atividade? Quantos de seus dirigentes fecham os olhos para as verdadeiras ações que deveriam ser feitas? Fingem trabalhar, fingem educar enquanto nossos jovens e crianças, o futuro de tudo o que construímos, fingem ter alguma esperança também.
Se todos doassem um milésimo de seu tempo para o outro, para um dos nossos menores. O que seria do nosso país? Se os que criticaram o seu trabalho na mídia, pegassem no pesado e dedicassem esse tempo para educar os jovens que passam pelo NAIA, como poderia estar o nosso bairro, o nosso município, nosso país e nossa vida?
Mil desculpas pelas omissões, pela cegueira e pela ignorância.
Alguns aprendem com o olhar, com os ouvidos, com o toque. Outros aprender com a dor.
- Mãe, tem um menino batendo na porta.
A escolha do caminho é conseqüência dos estímulos que recebemos das terras que margeiam nossas cavernas.
Criamos edifícios, construções, novas profissões e a base de tudo está na educação dos nossos menores. Tudo mudou. A rua que direcionava agora abriga, o jornal que informava, agora aquece. Hoje, nossas cavernas possuem largos muros, vastas grades, cercas elétricas, tudo se torna, todos os dias: mega, ultra, hiper, micro, baixas calorias, megabytes, gigabytes.
Hoje vivemos do acumulo. Juntamos bens e propriedades, nos preocupamos com os próximos lançamentos tecnológicos, com as próximas tendências de inverno e deixamos o que criamos morrerem nas esquinas e calçadas. Agimos todos os dias contra nós mesmos. Plantamos a divisão social e colhemos violência, plantamos a omissão e colhemos um futuro frágil, algo muito além do digital. Construímos um futuro de vidro e damos pedras aos que moram além das nossas cavernas.
Cultivamos todos os dias a miséria, concentrando 90% da riqueza sem transformá-la em nada mais que o obsoleto que tecnologia. Intangível, irreal.
Como o oxigênio nos mata, nossa omissão também nos agride.
Hoje, nos esquecemos frequentemente que somos responsáveis pelas sementes que plantamos. Somos os agrônomos desse solo que vivemos e por opção, deixamos de regá-lo. Damos nossas costas à vida real e criamos o nosso próprio mundo, escondidos no tamanho de nossos muros, na espessura de nossas grades.
Como estão as flores que nascem dessa terra? Como elas nos reconhecerão quando estivermos frente a frente, quando vierem nos cobrar sua herança. O são delas por direito.
Essas flores que plantamos e não regamos, hoje, já nos assaltam em sinais, violam nossas casas, nosso berço, violam tudo o que construímos, cobra o que não fazemos, a herança que lhes pertencem.
Para nós, elas sempre estão erradas. Não devemos conceber algo assim.
Passamos pela vida nos esquecendo de fazer perguntas importantes.
Estamos nos esquecendo de ensinar nossos filhos sobre a importância das perguntas importantes.
Porque estamos aqui? Como conseguimos ser tão iguais e desiguais ao mesmo tempo?
O que estamos construindo e para quem estamos construindo?
É isso que estão nos fazendo. Cobrando o que deles é por direito com violência.
Não, não estão errados. Filósofos nos disseram que eles fariam assim. Eles não sabem fazer de outra forma. Não ensinamos a forma correta, não fomos capazes, viramos as costas.
Os filhos têm por direito mínimo, o mínimo de todos nós e nem o mínimo de atenção nós oferecemos a eles.
E eles estão aqui, enfrente aos nossos portões. E agora?
Quando os outros tentam recuperar alguma dessas plantas sem norte, sem leste, nem oeste, sem bússola, na verdade, estão fazendo algo por todos nós, pelo solo fértil. Quando geramos esperanças aos menores, geramos futuro aos que nos rodeiam, as nossas vida, as vidas dos nossos filhos, aqueles que por opção resolvemos deixar do lado de dentro dos nossos muros.
Se a 20 anos tivéssemos regado com responsabilidade, acompanhado e construído, não colheríamos o que esses filhos e filhas nos exigem.
Estranho como perdi a fé.
Hoje, por conta de tudo isso, nossa vida é um borrão de paisagens feito àquelas que passam pelos vidros fechados dos nossos carros. Tudo o que construímos corre contra o tempo, com medo de que a morte nos alcance antes do final, antes de uma despedida brutal e injusta.
Se nossos professores fossem melhores remunerados, se não fossem as tentativas mesquinhas de um aumento de 70 reais nos salários de quem ensina, faríamos justiça aos criadores da democracia e liberdade de expressão, que investiam tempo na educação dos cidadãos para que eles pudessem escolher os melhores líderes e caminhos com opiniões e pensamentos corretos.
Tudo o que se encontra fora dos vidros escurecidos dos carros, são paisagens que criamos e não queremos ver, são como brinquedos esquecidos.
Vivemos para o consumo e ele nos embriaga.
Aquelas crianças, as que não moram com você, moram ali, onde você não quer morar. Elas passam o frio que você não quer passar,
Há quem diga que não enxerga. Há quem pense em extermínio. Há quem acredite que não estamos de passagem e que ainda está por vir aquele "limpará" todo o problema.
Não volte muito tarde.
Você trancou a porta?
Me ligue assim que chegar.
Não ande por lugares escuros.
Não converse com pessoas estranhas.
Certas frases não deveriam existir.
Viramos o rosto e entregamos ao governo toda a responsabilidade que “não temos tempo nem condições de assumir”. O governo "mente" em aceitar a responsabilidade sozinho e chega a acreditar que varrendo todo esse “problema” para fora das escolas, para dentro de presídios e FEBENS, sanará todas as nossas dores.
Somos ricos, somos emergentes, somos concretos, somos felizes, somos saudáveis, somos capazes, temos natais, juramos milhões de coisas em noites de dias 31, somos cegos. Damos jeito para tudo, somos vazios. Somos críticos diante da TV. Para nós o noticiário virou novela e tudo o que acontece lá fora já virou ficção.
Mas acredite, ainda existem os que se importam.
Quando vemos pessoas lutando, fazendo o trabalho que não queremos fazer, agindo de forma inesperada, segurando a mão desses pequenos e tentando recuperar o que nós estragamos todos os dias, com a omissão e o descaso, fazemos questão de menosprezar, ignorar.
Tudo o que escrevi, foi pensando em instituições como o NAIA. Nasceu em Americana debaixo de criticas e injurias. O NAIA não precisaria existir, ele é o fruto de toda a nossa omissão.
Obrigado aos que compraram a nossa briga pelos meninos e meninas infratores. Expresso minha eterna gratidão por ter assumido as sementes que eu não fui capaz de assumir.
Somos marcados quando trabalhamos com os olhos voltados para as flores que os homens plantam e não querem mais cuidar. Somos marcados quando resolvemos enxergar e fazer algo pelos menos favorecidos, quando resolvemos fazer a nossa parte e a parte de todos os outros, com o intuito de recuperar algo esquecido, jovens, meninos, crianças, filhos de um sistema hipócrita, filhos de uma política de faz de conta, de brincadeira, de doces, de “chocolates”, de Srs Chocolates.
Obrigado por fazer a minha parte, por fazer a nossa parte, por tentar regar nossas crianças e jovens que abandonamos.
Quantas pessoas se preocuparam em ouvir as propostas do NAIA, antes de agredi-lo. Quantas pessoas ofereceram ajuda? Quantos quiseram fazer a sua parte? Quantos de nós continuamos virando os rostos para os que se prontificam a ajudar? Condenando-os com nosso “pré–conceito”? Quantos são os que fazem parte desse sistema arcaico chamado FEBEM, quantos querem continuar fazendo este trabalho que não exige iniciativa, força de vontade, que não exige esforço, pró-atividade? Quantos de seus dirigentes fecham os olhos para as verdadeiras ações que deveriam ser feitas? Fingem trabalhar, fingem educar enquanto nossos jovens e crianças, o futuro de tudo o que construímos, fingem ter alguma esperança também.
Se todos doassem um milésimo de seu tempo para o outro, para um dos nossos menores. O que seria do nosso país? Se os que criticaram o seu trabalho na mídia, pegassem no pesado e dedicassem esse tempo para educar os jovens que passam pelo NAIA, como poderia estar o nosso bairro, o nosso município, nosso país e nossa vida?
Mil desculpas pelas omissões, pela cegueira e pela ignorância.
Alguns aprendem com o olhar, com os ouvidos, com o toque. Outros aprender com a dor.
- Mãe, tem um menino batendo na porta.
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